sexta-feira, 20 de março de 2015

Uma questão de justiça - uma reflexão sobre tempos em que o erro e a corrupção imperam

"Não matarás. Não roubarás. Não darás falso testemunho".

Êxodo 20: 13,15,16

Esses dias Deus tem falado constantemente sobre justiça ao nosso coração. Normalmente os cristãos interpretam a questão de justiça como uma questão pessoal, uma questão onde Deus deve fazer justiça ao seu povo, justiça a um povo perseguido, desprezado, humilhado.
Mas o profeta Isaías já nos alertava no capítulo 55 que os pensamentos do Senhor não são os nossos pensamentos, nem os nossos caminhos os seus caminhos. Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os pensamentos do Senhor e os seus caminhos da mesma forma.
Em toda a sua palavra o Senhor vai reforçando que seu amor ultrapassa o nosso entendimento, que Ele não se agrada que nenhum homem se perca mas que todos eles sejam salvos e que foi por isso que mandou seu Filho morrer por nós, porque Ele é justo. Deus queria nos dar uma chance, afinal nós não escolhemos nascer com o pecado no nosso sangue, nós não escolhemos nascer distantes Dele, nem do seu amor.
Ele fez isso porque era, é e sempre será justo.

Não sei até que ponto os irmãos conhecem os costumes judaicos, mas  há muitas coisas que seus filhos, sejam pastores, sejam ovelhas não sabem e deveriam procurar saber, deveriam procurar buscar, estudar, de maneira que aprendamos como disse o Apóstolo Paulo que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piamente (Tito 2:12).
Eles criam que a lei deve ser adaptada segundo o tempo em que vivemos para que possamos praticá-la segundo a justiça de Deus, porque as leis eram consideradas não como leis de rituais e oração, eram leis que regiam a maneira de viver. Leis e regras que deveriam ajudar a sociedade judaica a funcionar. Porque nós sabemos que é impossível viver numa sociedade na qual o roubo, o assassinato, a calúnia são tolerados e aceitos. Deus não queria isso no meio do seu povo, isso era o que existia no meio daqueles que serviam a outros deuses.
Hoje nós vivemos numa sociedade muito mais complexa, mas a mentalidade do homem não mudou ou mudou muito pouco e nesse sentido a Palavra de Deus se renova a cada dia, Deus sabia que a humanidade ia "piorar" moralmente, ia deteriorar perdendo seus valores éticos. Hoje nós sabemos que quando grandes segmentos da nossa população não tem alimento suficiente, nem roupa, nem moradia, isso também é uma forma de assassinato, quando olhamos fotos ou vemos no jornal à noite, as crianças da Nigéria, do Afeganistão, as vítimas do Tsunami nos compadecemos porque sabemos que se não houver ajuda desses elementos essenciais eles estarão condenados à morte e nós seremos cúmplices desse ato, pela nossa omissão.
Quando impedimos que alguém necessitado ou de uma minoria com pouca representação leve seu protesto ao tribunal e apresente uma queixa legítima, também é uma maneira de dar falso testemunho, porque estamos negando a verdade e aceitando a mentira. Quando ensinamos aos nossos jovens que parem de ouvir a voz de sua consciência questionadora e os forçamos a aceitar a vontade da maioria porque este é costume vigente, então estamos estabelecendo um outro deus, chamado sistema.
O que estou querendo dizer é que a função da Igreja é mostrar ao mundo um caminho diferente do que ele já conhece. Meu professor de teologia costuma falar constantemente sobre uma característica marcante de Cristo, que Ele andava na contramão! Jesus desafiou os costumes de sua época, os costumes que desprezavam os menos favorecidos, os mais pobres, os que não faziam parte das classes dominantes, desprezavam o sexo mais frágil, os que não sentavam nas cadeiras principais das sinagogas, os que não tinham o status de vitoriosos...

Jesus não se calou, não aceitou as regras vigentes, a sua regra era a regra vinda do céu. A regra que Deus pai tinha estabelecido: amai-vos uns aos outros como a si mesmos. Regras que foram repetidas e ensinadas pelos apóstolos,"lembrai-vos dos presos como se estivésseis presos com eles e dos maltratados, como sendo-o vós mesmos também no corpo" (Hebreus 13:3). "Quem pois, tiver bens do mundo e vendo os eu irmão necessitado lhe fechar o coração, como permanece nele o amor de Deus?" (I João 3:17). "Mas não esqueçais de fazer o bem e de repartir com os outros, porque com tais sacrifícios Deus se agrada." (Hebreus 13:16)."Aquele pois, que sabe fazer o bem e não faz, comete pecado." (Tiago 4:17).
Deus é deus sobre todas as coisas, nós vivemos neste mundo, mas não devemos agir como o mundo age. O mundo divide os povos entre ricos e pobres, em classes sociais, em quem tem estudo e quem não tem, em partidos de direita e de esquerda, valoriza a aparência e despreza a essência. E infelizmente muitos cristãos fazem o mesmo. Tem o ranço do conservadorismo dentro do seu coração, lutam por manter os ideais e valores da sociedade e se esquecem dos ideais e valores de Deus, amando mais o presente século como Demas que abandonou a Paulo o fez.
Nós sabemos que Deus levantou e concedeu poder durante a história a homens que sequer eram judeus para poder beneficiar os seus, homens que não eram nascidos judeus, mas eram mais justos que o seu próprio povo.
Portanto meus irmãos, sejamos luz neste mundo, sal da terra, exemplo de justiça e amor de Deus para que todo aquele que for necessitado saiba onde buscar, deixemos de ser ouvintes e sejamos praticantes da palavra de Deus.

Passemos a amar com atitudes e não com palavras, amemos não com amor fingido que gera esmola para ser visto pelos homens, mas amor verdadeiro, que gera vidas com dignidade, que nos devolve a dignidade, como Cristo fez.

Deus os abençoe em nome de Jesus.

sexta-feira, 13 de março de 2015

Aquilo que eu temia aconteceu... lições apreendidas com Jó

"Porque aquilo que temia me sobreveio; e o que receava me aconteceu."
Jó 3:25
O medo paralisa...

Em um determinado momento Jó disse: o mal que eu temia me sobreveio. Deus sabia que Jó era fiel, mas Jó talvez não confiasse "plenamente" no Senhor, ele sabia no entanto, tinha plena convicção em seu coração que tudo quanto ele tinha alcançado em sua vida, sua prosperidade, seus filhos, seus bens, seu respeito, tudo era favor de Deus. Jó conseguia reconhecer sua limitação como homem diante do Senhor, mas talvez temesse o desamparo de Deus.

O que eu temia me sobreveio....talvez Jó em seu coração visse sua própria nulidade, como nós muitas vezes, talvez esse justo tivesse consciência de sua fraqueza, de seus pecados, de suas falhas, por isso sacrificava por seus filhos, porque temia no seu coração que Deus pudesse ter em conta as suas obras, obras humanas e se isso viesse a acontecer Jó tinha consciência de que nenhuma obra pode justificar o homem, porque Deus discerne as intenções dos pensamentos e dos corações.

Muitas vezes nós nos encontramos da mesma forma, fazendo sacríficos humanos, buscando o favor de Deus, esperando que Ele na sua infinita misericórdia olhe apenas para a obra que realizamos e não para nós, porque somos vis. Mas acontece que Ele escolhe as coisas vis deste mundo. Glória a Deus por isso. Ele veio para os doentes, ele veio para os pecadores, veio para redimir as nossas vidas. Me diga, quantos de nós ainda jejua pelas suas famílias, oferecendo seu corpo em sacrifício vivo diante do altar de Deus esperando que através da oferta o coração Dele se mova em favor daqueles que hão de se salvar, esquecendo-nos da promessa em sua Palavra de que se crermos, nós e a nossa casa serviremos a Deus, nós e a nossa casa seremos salvos.

Talvez estejamos como Jó, dependentes do poder de Deus, crentes na sua obra, reconhecendo nossa posição de vasos, mas sem confiar plenamente na habilidade, na experiência e na segurança do Oleiro. Temos medo de sermos quebrados, temos medo da dor da perda, temos muitas vezes o medo de sermos moldados, esquecendo-nos do poder Daquele que nos criou e que fez perfeitas todas as coisas. Mas no amor não há medo antes o perfeito amor lança fora o medo; porque o medo envolve castigo; e quem tem medo não está aperfeiçoado no amor, é o que está em I João 4:18.
O medo cega


Deus sabia que Jó era fiel, Deus confiava no amor que seu servo lhe tinha, mas talvez precisasse provar a seu filho que o Seu amor nunca vacilaria, e também é assim conosco, toda prova que vem de Deus tem um propósito. Um propósito santo de nos tornar mais parecidos com Seu filho, um propósito de edificar nossas vidas Nele, de nos dar a convicção de que o Seu infinito amor nunca falha, mas permanece conosco eternamente. E não há outro meio de revelar-nos esse amor se não for no desamparo humano, quando todos ´nos voltam as costas, Ele está lá, quando todos se afastam com medo das enfermidades, Ele nos estende a mão, quando todos se esquecem porque estamos no fundo poço, Ele nos recolhe.

É para termos essa certeza que Ele permite que tragamos no nosso corpo as marcas de seu amor, de seu amparo, para dizermos como o apóstolo Paulo disse: não me importunes mais porque trago no meu corpo as marcas de nosso Senhor Jesus Cristo, as marcas do nosso testemunho, as marcas de um amor verdadeiro, de um amor valoroso, de um amor altruísta, de um amor dedicado.

Que Deus te abençoe a cada dia

terça-feira, 10 de março de 2015

Fazendo Nhoque

Esses dias tenho encontrado tantas pessoas na mesma situação que resolvi publicar novamente esse texto...

Domingo queimei minha mão fazendo nhoque. Não era bem um nhoque daqueles que as nossas avós faziam espremendo duzentos quilos de batata e enchendo a mesa de farinha e cortando as tiras em gominhos (que teimávamos em roubar), era um desses nhoque de saquinho, daqueles que só precisamos esquentar. O detalhe é que coloquei nhoque demais de uma vez na panela, a água fervendo transbordou e caiu na minha mão direita.
Aí foi aquela coisa de queimadura de cozinheira de fim-de-semana, bem normal. Primeiro doeu, ficou vermelho e passou. Nada sério, mas eu tinha que aprender algo com Deus ali. 

O que aprender com o nhoque? Literalmente nada a ver com a queimadura, mas aqueles que creem são estranhos mesmo, temos o privilégio de enxergarmos a mão de Deus em tudo quanto é lugar e, pra variar, dessa vez não foi diferente. Mas veja bem, não tem nada a ver com a "mão de Deus", mão de castigo, mão de correção, mão decapitando cabeças por ter derramado a água no fogão. Não! Mas a mão de Deus que age em nossos corações quando encontra espaço, mão que tira tampões de nossos ouvidos espirituais para que entendamos o que nosso Pai quer falar conosco e não nosso feitor. Foi dessa forma que vi a mão de Deus trabalhando no domingo.
Mas qual foi o mistério? Nenhum, para ser exata. O que me chamou a atenção foi que toda vez que aproximava a mão do calor do fogo minha pele ardia terrivelmente, mesmo sem nenhum vestígio aparente de queimadura. Coloquei a mão na água fria, passei uma pomadinha e pronto, a dor acabou de vez. Só que fiquei pensando.. em outras queimaduras, outras feridas...
Você já teve alguma ferida na alma, não é mesmo? Eu já tive muitas. As feridas na alma funcionam da mesma forma que minha mão queimada na água fervente do nhoque.

Aparentemente estão curadas, mas quando submetidas ao mesmo calor daquilo que as provocou, ardem profundamente. Esse ardor é de quando ouvimos que uma pessoa que nos magoou estará em determinado lugar. Perdemos a vontade de ir (mesmo que tenhamos esperado ansiosamente por aquele evento), é como o ranço do namoro que terminou antes de começar porque apareceu alguém mais disposto a tomar uma atitude antes que nós, é como a frustração da entrevista que não deu certo porque não tivemos a coragem de assumir um novo desafio ou talvez as palavras que ouvimos durante anos e que embora no início não acreditássemos nelas, com o passar dos dias transformaram-se em verdades na nossa vida. Palavras de desânimo, de descrença, de desprezo por nós.

Assim que me converti, ganhei uma amiga. Éramos como carne e unha, não desgrudávamos por nada. Isso é uma coisa comum entre mulheres e homens, termos amigos em quem confiamos plenamente, contamos tudo, até aquilo que não contamos para Deus ou para nossas mães, para essas amigas e amigos contamos com certeza. Nossa amizade aconteceu no início da minha conversão, íamos juntas para os cultos, a conversa não tinha fim e tudo ia muito bem até o dia em que um amigo se apaixonou por ela e foi rejeitado por ser um pedreiro.  
Fiquei estarrecida e começamos a discutir e, no auge da discussão (como em qualquer discussão falamos coisas que não deveriam ser ditas), ela disse que queria mais que ele morresse. Foi um choque, uma decepção e uma tristeza imensa. Nossa amizade começou a esfriar e acabamos nos afastando completamente, no entanto, dei para me sentir mal. Quando sabia que ela ia em um trabalho eu preferia não ir.  Até que um dia uma profeta veio ao meu encontro e me deu o seguinte recado: "Minha irmã, o Senhor manda lhe dizer que  existe uma pendência na sua vida que você precisa resolver e é o perdão que precisa entregar para alguém". Queimou como fogo. A ferida ardeu. É interessante como sabemos do que Deus está falando, mesmo sem que Ele dê detalhes para ninguém. Fui pra casa mastigando aquela palavra. Depois de algum tempo nos encontramos, conversamos e só então houve o perdão, um perdão verdadeiro.

Não sei qual é a ferida de sua alma e nem qual a situação que faz com que seu coração arda de dor, se são traumas de emprego, relacionamentos perdidos, decepções com amigos ou família, mas, se você perdoar (mesmo que não sinta nada), o Senhor irá derramar do seu bálsamo de cura sobre a sua vida, restaurando seus sentimos e emoções para que não haja mais dor ou sofrimento, para que acima de tudo você não fuja de mais nada ou de mais ninguém. E, tenha certeza, esse remédio cura muito mais do que qualquer fórmula humana, porque tem um ingrediente infalível: o amor de Deus.

"Mas as multidões, percebendo isto, seguiram-no; e ele as recebeu, e falava-lhes do reino de Deus, e sarava os que necessitavam de cura." - Lucas 9:11